Boletim Mensal Junho/2018

Os Lamentos de Um Surdo

Já faz mais de 10 anos desde que passei a usar o aparelho auditivo.
A maioria das pessoas com problemas auditivos costuma precisar do aparelho em apenas um dos ouvidos, mas no meu caso, apesar de no início ter sido em apenas um dos lados, há cerca de 4 ou 5 anos passei a usar em ambos os ouvidos.

O termo [Surdo] no dicionário Koudien é definido como:
Tsunbo (surdo) – que possui problemas auditivos.
Tsunbo no Hayamimi (o surdo com audição aguçada) – termo usado para indicar aquelas pessoas que não atendem quando lhes é dirigido a palavra, mas que reage rapidamente quando é dito algo de negativo sobre ela ou algo inconveniente sobre outros.
Sajiki – indica as arquibancadas ao fundo no segundo andar, de frente ao palco, nos teatros do período Edo. Hoje, corresponde às arquibancadas do terceiro andar, assim como os espaços para assistir às peças em pé, de onde não se pode ouvir nitidamente as falas dos atores. Esse espaço é muito procurado pelos conhecedores dessa arte, sendo valorizado e chamado de oomukou pelos atores (claro que as pessoas definidas como oomukou não são surdas). Indica também as pessoas nas posições em que não recebem esclarecimentos.

Procurava por algum tema para escrever um texto para a revista Nishikaze, quando me deparei com o texto [Nantyousha no Ben] (as condições de um deficiente auditivo) publicado a cerca de 10 anos atrás no jornal por uma pessoa. (Foi o que me inspirou a escrever sobre este assunto). Lembro-me de ter sentido alívio quando li o texto, pois o meu caso não chegava a ser tão ruim.

O conteúdo da publicação era a seguinte:
1. Com a perda auditiva passou a usar o aparelho, mas subitamente o aparelho havia tornado-se inútil. Achando que poderia ser uma falha no aparelho, levou-o para reparos, e o que ouviu foi de que estava tendo uma súbita piora na perda auditiva, e não um problema no aparelho.
2. Como não havia jeito, substituiu por um aparelho de última geração com ajuste automático, mas o que ouvia era somente ruídos. Voltou a usar o de ajuste manual, mas a situação continuava a mesma;
3. Numa conversação normal, de frente à pessoa, conversava vendo seus olhos e boca, o que possibilitava a comunicação;
4. Aqueles que não se conscientizavam da situação de uma pessoa com surdez, em especial a família, falavam devido hábito, virados para outras direções e em tom normal. Como não ouvia nada, perguntava-lhes o que era, e a resposta era dita de forma rápida, o que era ainda pior para entender. Ao perguntar novamente, as respostas eram ríspidas. E assim, conversar foi tornando-se algo apreensivo, e o diálogo na família diminuiu cada vez mais;
5. A comunicação em casa ainda era possível, mas fora de casa, com outras pessoas, como o tom de voz diferia de uma pessoa a outra, nem todos eram audíveis. O que dizer então com muitas pessoas como em reuniões, encontros e eventos, onde isso tornava-se impossível. Assim, foi preciso abster-se de frequentar esses locais.

Essa era a situação descrita, e atualmente a minha condição é exatamente a mesma.

No dia a dia, uma pessoa surda passa por diversos inconvenientes.

Por exemplo, se algum conhecido ou amigo nos dirige a palavra de trás ou de um lugar um pouco distante, quando estamos andando na rua, não ouvimos e o ignoramos. Se é um amigo que sabe da surdez não irá se importar, mas quem desconhece, irá achar “nossa que pessoa antipática”.

Em uma reunião com inúmeras pessoas, há ocasiões em que todos caem na risada, mas como não podia ouvir a conversa, ficava sem compreender o motivo. Acabava rindo para acompanha-los mas ficava sempre um pouco fora de sincronia.

Essas são algumas situações que ocorrem constantemente.

Assim, não consigo manter uma postura altiva diante das pessoas. É vergonhoso, embaraçoso e decepcionante. A minha surdez está em um estágio grave. Há 10 anos, fiquei aliviado ao comparar-me à pessoa que havia enviado o depoimento, mas hoje, a situação é totalmente outra, me sinto desanimado, triste e sentindo os dias vazios.

Por outro lado, com a longevidade alcançada nos dias de hoje, sinto que não posso me deixar abater por essas coisas. Com certeza, diante de pessoas com idade avançada e o mesmo problema, mas levando a vida de forma ativa e alegre, essas queixas soariam como lamentos de um surdo em situação vulnerável.

Talvez isso sim, seja isso algo verdadeiramente vergonhoso.
Segue abaixo uma avaliação para saber a situação da capacidade auditiva.

Gostaria de sugerir que faça essa avaliação.
1. Quando duas ou mais pessoas falam ao mesmo tempo, há dificuldade em ouvir e compreender;
2. Não ouve bem quando a conversa é no interior de um carro;
3. Parece que pessoas ao redor conversam com se estivessem resmungando;
4. Familiares e amigos pensam em sugerir que experimente usar um aparelho auditivo;
5. Trabalha ou trabalhou em ambiente com barulhos altos;
6. Durante a conversa, tem pedido para repetir ou tenta supor o que foi dito;
7. Sente que entende melhor a conversa quando está diante da pessoa, vendo-lhe;
8. Não ouve com nitidez a fala das novelas;
9. Às vezes não nota o celular ou o telefone tocar;
10. Têm dificuldades em entender o que está sendo dito na aula, reuniões, etc.

Para cada [sim] some 5 pontos, [talvez] some 3 pontos, e [não] some 1 ponto.
Se o total for de 15 pontos ou menos, está tudo bem.
Em torno de 30 pontos, procure um otorrino e solicite um exame auditivo.
Acima de 40 pontos, necessitará de um exame minucioso e poderá precisar de um aparelho auditivo.

Minha avaliação foi de 50 pontos.
Não é algo que deva me gabar, mas obtive a “pontuação máxima”.

Artigo original em japonês – Ken’ichi Hibino (Diretor Tesoureiro da Guifu-Kenjin-Kai do Brasil)

 

 

Acontecimentos de MAIO de 2018

  • Dia 2:
    • Realizada Reunião Extraordinária da Diretoria para tratar de ajustes da cerimônia comemorativa, assim como programação dos convidados;
  • Dia 3:
    • A Comissão da 14ª Exposição de Amizade Nipo-Brasileira de Pinturas realizou reunião para tratar do regulamento e critério de seleção das obras;
  • Dia 4:
    • Entregue à Fundação Kunito Miyasaka o pedido de colaboração para a realização da 14ª Exposição de Amizade Nipo-Brasileira de Pinturas;
  • Dia 16:
    • Realizada a Reunião Ordinária da Diretoria;
    • Recebido comunicado da Fundação Kunito Miyasaka, informando colaboração com a 14ª Exposição de Amizade Nipo-Brasileira de Pinturas.
  • Dia 22:
    • Registrada a ata da Assembleia Geral Ordinária no 3º Cartório;
    • Enviado via correio o Boletim Mensal nº 320 de abril, em japonês e português;
  • Dia 24:
    • O diretor presidente Nagaya participou da reunião mensal da Kenren;
  • Dia 25:
    • Entregue à Fundação Kunito Miyasaka, o contrato de colaboração.
  • Dia 28:
    • Entregue ao Bunkyo a indicação dos senhores Shizuo Hosoe e Kazuhiro Takagi para a Comenda Kasato-Maru;

 

 

Resumo da Ata da Reunião Ordinária da Diretoria de MAIO/2018

  • Data e hora: 16 de maio de 2018 (qua), às 17:00.
  • Presentes: Mitsuyoshi Nagaya (dir. presidente), Ken’ichi Hibino (dir. tesoureiro), Kioski Kaneko (dir. secretário), Jiro Hashizume (diretor), Mika Ono (diretora), Masanobu Sakano (administrador) e Mutsuo Kageyama (secretaria).
  • Assuntos:
    1. O diretor-secretário Kaneko apresentou o relatório de atividades de abril, que foi aprovado;
    2. O diretor-tesoureiro Hibino apresentou o relatório contábil de abril, que foi aprovado;
    3. Foi apresentado o andamento dos preparativos para a realização da cerimônia comemorativa, e o presidente da comissão Mitsuyoshi Nagaya solicitou a confirmação do conteúdo e resolução dos assuntos ainda pendentes:
      • Elaboração e impressão da programação da cerimônia comemorativa;
      • Confirmado a presença do vice-governador Sr Junichi Goudo da província de Gifu. Sobre a participação dos demais membros da missão de celebração, está sendo tratado com a província;
      • Confirmado a data da vinda da 40ª Expedição Internacional dos Alunos de Escolas Agrícolas de Ensino Médio da Província de Gifu, e informado a programação durante a estadia;
      • Definido o encarregado para atender a General Incorporated Foundation International Club;
    4. Outros:
      • No dia 17 de junho (dom) será realizado culto no Monumento em Homenagem aos Pioneiros da Imigração Japonesa Falecidos, e participará o diretor presidente Mitsuyoshi Nagaya;
      • No dia 17 de junho (dom) será realizado no Bunkyo o culto budista em homenagem aos pioneiros da imigração japonesa, e participará o diretor Kioski Kaneko;
      • O diretor presidente Mitsuyoshi Nagaya solicitou reforço na campanha, para atrair interessados no tour com participação na Maratona de Ibigawa;

 

 

Resumo da Ata da Reunião Extraordinária da Diretoria de MAIO/2018

  • Data e hora: 2 de maio de 2018 (qua), às 17:00.
  • Presentes: Mitsuyoshi Nagaya (dir. presidente), Ken’ichi Hibino (dir. tesoureiro), Jiro Hashizume (diretor), Mika Ono (diretora), Masanobu Sakano (administrador) e Mutsuo Kageyama (secretaria).
  • Assuntos:
    1. Os itens abaixo, referente à realização da cerimônia comemorativa, foram deliberados e aprovados pela comissão:
      • No dia anterior ao evento, será preparado o salão, e os voluntários irão se reunir para um ensaio;
      • Pedido de lembranças para entregar aos participantes (chá verde e sacola de pano);
      • Contratação de um fotógrafo para registro da cerimônia comemorativa;
      • Pedido de ambulância e equipe médica;
      • Providenciar com urgência banners e decoração para o salão;
      • Providenciar os materiais de papelaria necessários na recepção, salão, palco;
    2. Para a participação da cantora Vanesa Oshiro, contratada da General Incorporated Foundation International, no Festival do Japão promovido pela Kenren, foi confirmado que a Kenjinai daria todo o suporte necessário durante a programação.
    3. No dia 21 de julho (sáb) será realizado durante o Festival do Japão, a cerimônia em comemoração aos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, com a presença da princesa Mako de Akishino, e foi distribuído às Kenjinkais os ingressos da arquibancada especial.