Boletim Mensal Agosto/2021

Passaporte da vida

 

Chiune Sugihara nasceu em 01/01/1900 em Gifu-ken Mugi-gun Kōzuchi-chō. Seu pai chamava-se Yoshimi, e sua mãe, Yatsu. Ele foi o 2º filho de uma família com 5 irmãos e uma irmã.

Quando ele nasceu, seu pai trabalhava em uma Delegacia de Imposto da cidade de Kōzuchi-chō e sua família morava em um quarto alugado do templo Kyōsenji que ficava próximo do local de trabalho.

Seu pai e sua família moraram em Kōzuchi-chō durante um certo tempo. Em 1903 foram morar em Fukui-ken Niu-gun Asahi-mura. De 1904 a 1907, a família residiu em Mie-ken Yokkaichi-shi, em Gifu-ken Ena-gun Nakatsu-chō (atual Nakatsugawa-shi), Mie-ken Kuwana-gun Kuwana-chō. Em 31 de março de 1907, matriculou-se na Escola de Primeiro Grau Daiichi Jinjō Shōgakkō de Mie-ken Kuwana-gun Kuwana-chō. Em dezembro do mesmo ano, o seu pai foi contratado para trabalhar no Escritório Geral de Residência Tōkanfu da Coréia, e foi trabalhar sozinho, sem levar a família. Em 1907, matriculou-se na Escola de Primeiro Grau Jinjō Shōgakkō de Nagoya Furuwatari (atual Escola Municipal de Primeiro Grau Heiwa de Nagoya).

Em 1912 formou-se com boas notas na Escola Furuwatari, ingressando em Aichi Kenritsu Dai 5 Chūgaku.
Seu pai queria que ele seguisse a carreira de médico, mas seu sonho era estudar inglês e ser professor de inglês. No dia do vestibular de medicina, o jovem Chiune saiu de casa com o conselho do seu pai para dar o melhor de si. Mas quando as provas foram entregues, ele escreveu somente o seu nome no cabeçalho, colocou o lápis de lado. Quando o teste terminou, apenas entregou uma folha em branco. Em 1918 Chiune foi estudar inglês na conceituada Universidade de Waseda; mas não se formou em literatura inglesa.

Em 1919 passou no exame para bolsista do Ministério das Relações Exteriores do Japão, e estudou na Academia de Harbin da China, onde estudou o russo e o alemão e se tornou expert em Assuntos da Rússia. Posteriormente trabalhou no Consulado do Japão de Harbin da China.

Em 1939 foi nomeado vice-cônsul do consulado do Japão em Kaunas da Lituânia. Um de seus deveres era reportar sobre o movimento das tropas russas e alemãs. Em setembro de 1939, a Alemanha invadiu a parte ocidental da Polônia; em 17 do mesmo mês, a União Soviética invadiu a parte oriental da Polônia. O ano era 1940, as notícias e os relatos sobre crimes horríveis dos alemães contra os judeus se espalhavam. Muitos refugiados conseguiram chegar até Lituânia dominado pelos russos, mas era questão de tempo que as tropas alemãs chegassem ao local.

Para os refugiados a única rota de fuga era por terra através de União Soviética, mas para isso os russos permitiriam se certificassem de que os refugiados seriam recebidos por outro país, depois de cruzar a fronteira. Sugihara telegrafou para Tóquio explicando a situação dos judeus, para solicitar a permissão para conceder visto de trânsito, cuja permissão foi negada 3 vezes.

Os vistos japoneses eram apenas de trânsito, por isso as pessoas teriam que declarar um destino final; e se sugeriu Curaçao, uma possessão holandesa no Caribe.

Apesar da negação do Ministério das Relações Exteriores do Japão, e da ameaça de ser exonerado do cargo que ocupava, na manhã de 01/08 Sugihara começou a emitir o visto, cuja emissão levava 15 minutos.

Sugihara deixou de almoçar para emitir a maior quantidade possível de visto.

Quando acabaram os formulários oficiais, continuou escrevendo à mão. À medida que passaram os dias, ele começou a ficar fraco, com os olhos inchados por falta de sono, mas continuou dedicado a emitir mais vistos.
Na 3ª semana de agosto, Sugihara recebeu um telegrama ordenando-o a parar, pois grande número de poloneses chegava no porto de Kobe no Japão, provocando confusão.

Ele ignorou as ordens do Ministério das Relações Exteriores do Japão. No final de agosto, os soviéticos exigiram que o consulado fosse fechado. Tóquio instruiu Sugihara a transferir-se para Berlim, porém mais judeus continuavam chegando ao local. Ele decidiu ficar mais um dia no hotel para conceder o máximo de visto que pudesse emitir. Chegou a emitir 300 vistos/dia, quantidade que normalmente levaria 1 mês. Uma multidão seguiu a família até o hotel.

Na manhã seguinte, um grupo seguiu Sugihara e família até a estação de trem. No trem ele continuava escrevendo freneticamente, mas não conseguiu emitir visto para todos. Então começou a assinar seu nome em uma folha em branco e carimbava, esperando que o resto pudesse ser preenchido. Quando o trem partiu rumo a Berlim, ainda estava assinando e carimbando os papéis.

Desfecho – A desobediência valeu a Sugihara uma brusca interrupção de sua brilhante carreira diplomática. Em 7 de junho de 1947, foi dispensado pelo Ministério das Relações Exteriores do Japão. Ele teve que trabalhar em várias instituições e organizações. Mesmo assim jamais alardeou seu heroísmo.

Em 1968 encontrou-se com Yehoshua Nishri, um dos judeus que salvou; e centenas de outros relatos começaram a aparecer. Aos poucos Yad Vashem (Memorial do Holocausto), uma instituição sediada em Israel que se dedica a manter viva as lembranças da tragédia nazista, foi percebendo a importância do trabalho de Sugihara. Quase 50 mil pessoas, incluindo os descendentes, estão vivas graças a ele.

Apenas em 1985, 45 anos depois de seu ato heroico, o ex-cônsul foi o primeiro e único japonês condecorado com o prêmio Vad Yashem (homem justo dentre as nações), a mais alta honraria concedido pelo Governo de Israel. Em novembro do mesmo ano, na colina de Jerusalém, em sua homenagem uma árvore foi plantada ao lado da placa comemorativa. A doença do coração e a idade avançada impediram de participar na homenagem.

No ano seguinte, aos 86 anos faleceu no hospital da cidade de Kamakura, Japão.

Bibliografia:

(Autor: Kioski Kaneko, Conselho Fiscal Efetivo do Gifukenjinkai do Brasil)

 

 

Kioski Kaneko, auto biografia

 

Sou brasileiro, casado, nascido na cidade de Onda Verde (Estado de SP) em 1936. Meus pais Chūzaburō e Hissa Kaneko, ambos oriundos de Gifu-Ken Takayama-shi,Kokufu-chō, imigraram para o Brasil em 1932 com um contrato de três anos para trabalhar em uma fazenda de café em São José do Rio Preto. Após esse período, trabalharam em outras cidades no entorno de São José do Rio Preto até comprarem uma propriedade a noroeste de Mirandópolis onde plantaram algodão, milho e feijão. Tiveram quatro filhos sendo eu o terceiro filho.

Em 1947 nos mudamos para a cidade de Ribeirão Pires no estado de São Paulo e nos estabelecemos no bairro de Ouro Fino Paulista. Meus pais começaram a plantar tomate, legumes e criaram também uma granja.

Em 1951 nos mudamos para a capital São Paulo, onde meus pais compraram uma banca de secos e molhados. Mais tarde, conseguiram comprar uma banca de laticínios no mercado do Ipiranga.

Em 1962, eu e meus irmãos demos continuidade no trabalho de nossos pais, e juntamente com a banca de laticínios, abrimos um comércio de doces, biscoitos e artigos de festa. Dez anos mais tarde fundamos uma indústria de artigos de festa, produzindo pratos, bandejas de papelão, copos, papel para balas, chapeuzinhos e formas de doces.

Minha formação escolar foi toda em São Paulo, desde o primário até a formação na Escola de Tecnologia e Desenho de São Paulo. Me casei em 1965 com Yōko Nagao e tivemos três filhas. Todas se formaram e seguiram em suas respectivas profissões. Tenho quatro netos.

Ao longo de minha vida profissional recebi alguns prêmios como melhor comerciante do bairro do Ipiranga e comenda pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística.

Em 1981 ingressei no Lions Clube Bom Retiro, tive a honra de ser presidente de meu clube por duas gestões. Como sócio, participo até hoje em várias ações beneficentes em prol da sociedade, ajudando creches e asilos, doação de cestas básicas e outras ações.

Desde 1990 sou conselheiro vitalício do Hospital Santa Cruz. Com a ação do Nikkey Lions Clube, conseguimos reaver o hospital novamente para a colônia nipo brasileira.

Participo ativamente no Gifu Kenjinkai desde 1989, e em 1999 fui agraciado pelo Governo da Província de Gifu por minha dedicação ao Gifu Kenjinkai do Brasil. Sou muito grato porque duas de minhas filhas participaram do programa de bolsas oferecidas pela Província de Gifu.

 

 

Kansei Ono (natural da cidade de Ibigawacho)

 

Na época da 2ª Guerra Mundial, um homem que havia sido dito ser um “homem estranho” estava em Ibigawacho, condado de Ibi.

Ele foi preso por dizer “A América é forte” e era um incômodo para sua família. Na verdade, ele era uma pessoa internacional que passou cerca de 20 anos nos Estados Unidos antes da guerra, incluindo estudar piano na Universidade de Harvard. “Se não tivesse a guerra, se os tempos tivessem sido diferente, teria sido mais apreciado.” Levanta se uma voz lamentável.

Kansei Ono aparece em uma foto tirada em 1916, quando ele estava estudando música na Universidade do Sul da California, um japonês de estatura menor com os braços cruzados de terno no meio de homens e mulheres americanos de estaturas altas. “Posso sentir a vontade dele de não perder para os ocidentais”, diz a sobrinha neta Mika Ono de 53 anos.

Kansei nasceu em 1889 em Oka na mesma cidade. Depois de se formar na Escola Florestal Municipal de Agricultura de Gifu (agora Gifu Agriculture and Forestry High School), ele empregou-se na prefeitura, mas desistiu após um ano e mudou-se para os Estados Unidos em 1907. Conheceu o piano quando trabalhava em uma família americana.

Nunca tinha tocado num piano, sequer havia estudado música. Isso era “um hobby completamente diferente das experiências passadas, e lembrei-me de um sucesso vívido” (uma frase deixada por Kansei) e decidi viver de piano.

Depois de estudar música em escolas particulares em Portland, ele estudou música na Universidade do Sul da California, Universidade de Harvard e Nova York, e em 1918 tornou-se um compositor com sede em Los Angeles. As partituras das músicas composta por Kansei foram vendidas nos Estados Unidos. Jornais da época de Los Angeles em que aparecem os anúncios e partituras permanecem na casa dos seus pais.

Ele construiu sua vida como músico partindo do zero nos Estados Unidos, mas acabou sendo engolido pelo tempo. Em agosto de 1951, Kansei retornou ao Japão. A razão não é clara, mas no ano anterior os Estados Unidos promulgaram uma lei que proíbe a imigração do Japão. O paradeiro dos japoneses estava reduzindo.

Quando Kansei voltou para a casa de seus pais na cidade de Ibigawacho, ele abriu um instituto de pesquisa para ensinar música com o piano, que ele havia trazido quando retornou dos Estados Unidos.

Ele não se readaptou a cidade natal. A pessoa que conhecia Kansei diz que“Ele era uma pessoa extremamente estranha “.

Quando começou a guerra entre Japão e EUA, ele dizia sem cuidado: “Os EUA são fortes”, “Tem carros em todos os cantos” e “O Japão vai perder”. Era um fato que ele tinha visto com seus próprios olhos, mas as pessoas
entorno não conseguiam entende-lo, e foi preso pela polícia. Após a guerra, ele se afastou da música. Ele serviu como intérprete das forças expedicionárias e no antigo Ministério das Finanças em Gifu, professor e representante de vendas de uma Cia de valores mobiliários, veio a falecer em outubro de 1963 com 74 anos. Foi solteiro toda a vida dele.

Sra Mika diz: “Eu só posso sentir respeito.” Em sua família nunca foi falado sobre Kansei . “Ele é uma grande pessoa, mas ele não se adequava aqueles tempos.”

Herdando o espírito de Kansei voltado para o mundo Sra Mika vive no Brasil há cerca de 30 anos. Ela trouxe para o Brasil o diário que Kansei deixou na casa de seus pais, e diz que folheia de vez em quando.

“Se não fosse pela guerra, ele teria apresentado muito trabalho na América e dito o que queria fazer e o que queria dizer; ele definitivamente teria sido mais feliz.” Sra Mika lamenta seu antecessor que viveu à mercê dos tempos.

(Original em japones: Taisyuu Umada de Gifu Shimbun 12/08/2021)

 

 


ACONTECIMENTOS DE JULHO DE 2021

  • 02 – Remessa boletim abril/21 por e-mail e correio
  • 05 – Depositado na conta valor rateado da venda do evento GMG
  • 08 – Lançado “Ações entre amigos Kenren e Kenjinkais”
  • 13 – Em funcionamento 3º elevador do prédio.
  • 17 – Reunião da diretoria
  • 21 – Reunião da comissão organizadora 17ª Exp. De Pintura
  • 27 – Enviado boletim maio/21 por e-mail e correio
  • 29 – Reunião dos conselhos representantes da Kenren

 


RESUMO DA ATA DA REUNIÃO ORDINÁRIA DA DIRETORIA DE JULHO DE 2021

  • Data e hora: 17 de julho (sábado) 15:00h
  • Presentes: Mitsuyoshi Nagaya (Dir. Presidente), Jorge Nagao (Dir. Tesoureiro), Sonia Sakuma (Dir. Secretaria), Kioski Kaneko (Cons. Fiscal Efetivo), Ricardo Nakata (Diretor), Iraci Hirano (Diretora), Lina Shimizu (Diretora Regional), Mitsuo Ono (Cons. Fiscal).
  • Pauta do Dia
    1. Cumprimento do Dir. Presidente e agradecimento a todos que participaram na 1ª Reunião da GKI on line, e informou que em particular ficou emocionado com vários esforços para o desenvolvimento urbano do prefeito de Gifu Masanao Shibahashi. E impressionado com a vitalidade das atividades da presidente de Guifu Kenjinkai de Camboja Eriko Nishi como a realização de assistência médica gratuita aos pobres, transmissão da técnica de fabricação de doces japoneses. Apresentou o sucesso das reuniões regulares. Anunciou o início das inscrições para 17ª Exposição de Intercâmbio Nipo-Brasileiro e da sua divulgação na província de Gifu-ken, na prefeitura de Gifu-shi e na GKI. Relatou o grande sucesso do 2º evento GMG juntos com a venda esgotada.
    2. Apresentado acontecimento de junho pela diretora Sonia Sakuma.
    3. Apresentado movimento contábil de junho pelo diretor Jorge Nagao.
    4. GMG juntos – diretora Sakuma informou que com a colaboração de todos, houve aumento de 40% na venda em relação ao evento anterior.
    5. Ação entre amigos – diretor Nagao explicou sobre a divulgação e transmissão do sistema; e pediu a colaboração de todos.
    6. Explicação pelo diretor-presidente sobre cronograma de atividades daqui para frente da GKI. E o andamento de preparação do Congresso Mundial.
    7. Próxima reunião mensal da diretoria 21 de agosto(sábado) 15h.